Xica da Silva: figura e trama social brasileira
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Xica da Silva: figura e trama social brasileira
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Silvana de Souza Ramos
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USP
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A recente publicação de Xica da silva: a cinderela negra (Record, 2017), de Ana Miranda, trouxe à cena mais uma vez a história dessa mulher negra, exemplar na ambiguidade segundo a qual ascende socialmente – valendo-se da sedução e da astúcia –, embora jamais consiga de fato afirmar-se autonomamente no meio social autoritário e excludente em que vive. Farsesca, ela tem um destino trágico. Xica da Silva depende dos préstimos de um homem branco e poderoso, sem o qual os anseios de luxo e de relativa igualdade perante as mulheres dos senhores seriam vãos. Nos documentos históricos, nas telas do cinema, na televisão, ela figura a carne desejada – o objeto sexual que enlouquece e parece dominar os homens. Reificada na vida e na arte, ela é incorporada por célebres atrizes negras que a revivem e, assim, reiteram tanto sua figura ambígua quanto a trama social sexista e racista que a envolve. O propósito desta comunicação é fazer uma fenomenologia das diferentes reinações de xica da Silva ao longo da história do brasil, suas diversas figurações em documentos, livros e telas, no intuito de explicitar o tipo de subjetividade que ela perfaz – entre a sedução e a astúcia – diante do autoritarismo de uma sociedade que reifica e sexualiza constantemente o corpo e a imagem da mulher negra.
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Filosofia e gênero
- Dia 25 | Quinta | Sala Auditório |12:15-12:45
- IC 2
- 25/10/2018