23/11/2022

IV COLÓQUIO VARIAÇÕES DELEUZIANAS

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Deleuze, filósofo da Diferença. Em sua obra não deixou de colocar o problema fundamental do pensamento: a afirmação da vida em detrimento de todo sistema de julgamento, moral, dever ou norma, enfim, de toda valoração transcendente. Inspirado em Nietzsche, propõe uma ética como modo de vida imanente, que percorre as intensidades, os afetos, os encontros. Na esteira de Espinosa, Deleuze questiona a qualidade das potências que invadem o corpo: são alegres ou tristes? O que esse corpo pode fazer com esses atravessamentos? Como gestar um modo de vida afirmativo?

Que relações existem entre ética e estética para o pensamento deleuziano? A arte dos encontros é isso que pode compor o nosso modo de agir, o que pode ou não aumentar a potência de existir, de pensar e de viver. A ética deleuziana é atravessada por forças singulares, passando pela afirmação da vida, assim, a arte dos encontros é criar uma estética vital que passe pelos atravessamentos sensíveis, modulando processos de subjetivações não fixados e duros a serviço dos poderes, dos controles vigentes para abrir um modo de dizer que se faça entre transportes, vibrações e bordas movediças, sendo os devires as linhas de criações. Todo o processo dessa singularidade se constitui por passagens, movimento e repouso, lentidão e velocidades. São essas linhas e seus graus que atravessam este ou aquele indivíduo; há infinitas linhas, sejam mais ou menos potentes que compõem e decompõem um indivíduo, mas as relações são sempre complexas, sempre em variações, o que faz desse modo de pensar e de viver um enfrentamento com as formas fixas; toda uma cartografia passa por essa estética dos encontros intensivos.

Em 1975, no livro Kafka: por uma literatura menor, diante das baixas pretensões do pensamento de exercer uma “função maior da linguagem, fazer ofertas de serviço como língua de Estado, língua oficial”, Deleuze e Guattari propõem uma saída, “sonhar o contrário: saber criar um devir-menor”. Quando constatamos que o seu diagnóstico se mantém não somente atual como expandido, que para além de uma antifilosofia, uma aversão generalizada ao pensamento e à criação tornaram-se a linguagem oficial, urge embrenharmos pelas ruelas do poder procurando sempre a oportunidade de criar uma linha de fuga, de produzir novos critérios que sejam suficientes para guiar cada um entre os perigos de um tempo de horror e de terror, tempo em que as formas de viver estão cada vez mais massificadas, cifradas, endurecidas. Neste deserto aparente, criar novas maquinarias de resistência que gestem uma borda, uma toca, uma passagem que atravessem campos transversais do pensamento para fazer coexistir as multiplicidades, as menoridades.

Realizar este movimento implica entrar em processos de criação de devires, seguir as linhas de variação e de abolição do pensamento, constituir um ato de criação. Inquietado e sensibilizado por essas questões, o IV Variações Deleuzianas com subtítulo Ética, Estética e Política: por um devir menor do pensamento, a ser realizado nos dias 23, 24 e 25 de novembro, tem como objetivo explorar as potências menores do pensamento, percorrendo a filosofia, a política, a estética e as artes.

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