15/04/2024

Minicurso presencial sobre 'as primeiras confrontações de Martin Heidegger com os textos de Aristóteles no Natorp-Bericht (1922) e seus desdobramentos no período marburguense (1923-1928)'

Local: Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Humanas, Letras e Arte ? CCHLA, Sala: 512 - PPGF . Período: de 15 a 19 de abril de 2024.

Conteúdo programático do minicurso:

Após uma apropriação kairológica do cristianismo das origens em preleções anteriores (publicadas em GA [Gesamtausgabe = obra completa] 60), Martin Heidegger realiza uma primeira apropriação da ontologia aristotélica (em GA 61 e no Natorp-Bericht de 1922) para “salvar” a facticidade cristã e a temporalidade que lhe é conexa, isto é, volta-se para a ontologia aristotélica (GA 62) a fim de suprir a carência da descoberta do Cristianismo das origens sob o aspecto conceitual e categorial: o inquietum cor nostrum de Agostinho, por exemplo –, que, na verdade, é a inquietude mesma da vida fática –, é reconduzida à motilidade da vida em si mesma, sem amparo no além e, portanto, lançada radicalmente ao nada da vida fática. Nas primeiras preleções friburguenses (1919-1923) já existe uma coesão originária entre vida fática e ser, entre ôntico e ontológico, coesão que perderá paulatinamente sua primazia por causa da prioridade dada à ontologia do Dasein como existência autêntica no período marburguense (1923-1928), sem que Heidegger solucione satisfatoriamente a ambiguidade da diferença ontológica entre ser e ente. Nesse sentido, o Relatório-Natorp é um texto de “passagem”, no qual Heidegger declina o estado atual de suas pesquisas no primeiro período friburguense para concorrer a uma vaga de docente nas Universidades de Marburg ou de Göttingen e anuncia os seus projetos posteriores de trabalho no período marburguense. Daí os acenos à relação entre a cura e a morte, a referência à frovnhsi" (Umsciht), à sofiva (Verstehen), ao kaivro" (Augenblick = instante) e à stevrhsi" (privação). Não faltam referências à ousiva (enticidade → “o como do ser” = o ser-aí sob o modo do ser-disponível), à ajlhvqeia (desvelamento), e ao sentido do ser como produtividade, temas que serão aprofundados nos cursos de Marburg e que, posteriormente, desprovidos da linguagem aristotélica, se tornaram as propostas de uma ontologia fundamental de Sein und Zeit em 1927.  

Link: https://sites.google.com/view/minicurso-no-programa-de-ps-gr/in%C3%ADcio