27/01/2022

Schopenhauer e o argumento por analogia na transição da aparência para a coisa em si

FREITAS, Matheus. Schopenhauer e o argumento por analogia na transição da aparência para a coisa em si. São Paulo: Editora Dialética, 2021.

No §19 de O mundo como vontade e como representação, Schopenhauer procura desvendar a essência do mundo por meio de uma decisiva e controversa analogia com nosso próprio corpo. Com base nas considerações da bibliografia especializada, dois questionamentos se impõem: a) pode-se sustentar que a analogia funcione como uma prova, tendo em vista as fortes objeções a que ela está sujeita, de uma perspectiva da lógica clássica? E, b) se ela se configura como um instrumento de acesso à essência do mundo, o conhecimento dessa essência é tão certo quanto aquele mais imediato, percebido por cada um a partir de seu corpo? Cada uma dessas questões será analisada contra um pano de fundo específico: a primeira, à luz da teoria do conhecimento de Schopenhauer, a segunda, a partir de sua crítica da maneira como Kant aborda o problema da coisa em si. Caso a analogia seja lida como um “argumento retórico”, que não tem a intenção de provar uma tese com correção formal, mas persuadir o interlocutor de sua verossimilhança, as discussões sobre sua validade lógica redundariam secundárias. Essa é a chave de leitura proposta aqui como alternativa, e que suscita uma terceira questão: é possível esperar que essa verossimilhança seja convertida, de fato, num conhecimento verdadeiro do caráter mais íntimo mundo? Essa resposta será buscada, sobretudo, em manuais de retórica e nos pontos de contato que o próprio Schopenhauer destacou entre a sua metafísica e as ciências empíricas de sua época.

 

Com Apresentação do prof. Dr. Eduardo Brandão (USP) e texto da orelha do Prof. Dr. Arthur Grupillo (UFS):

"Kant alimentou o moinho das discussões filosóficas com as águas infindáveis do problema da coisa em si, que mobilizou todos os filósofos do idealismo alemão, de Jacobi a Hegel. A principal contribuição filosófica de Schopenhauer reside precisamente na sua resposta a esse problema. A coisa em si é Vontade, diz ele. Mas como prová-lo? Se podemos dizer de uma obra que ela tem um argumento fundamental, o de O mundo como vontade e representação é o §19. A coisa em si é Vontade porque se manifesta em meu corpo e, analogamente, em toda parte. Matheus Freitas investiga essa prova a fundo, de uma maneira admirável, colocando sobre a mesa as melhores interpretações dela. O leitor encontrará em seu livro não um qualquer comentário a Schopenhauer, mas será conduzido até o núcleo de uma obra e, depois de lá chegar, o verá explorado com cuidado, em vários de seus aspectos. Trata-se de um livro sobre o principal argumento de um filósofo, sobre talvez o principal problema da filosofia alemã" (Arthur Grupillo).

Matheus Freitas desenvolve estudos sobre o idealismo alemão e, mais especificamente, sobre a filosofia de Schopenhauer, desde pesquisas de iniciação científica, passando pelo mestrado até o doutorado, além de ser membro do Grupo de Trabalho Schopenhauer da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia.

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