21/08/2019

Tradução da obra "O Instante" de Kierkegaard (inédita em português)

Autor: Soren Kierkegaard
Tradutores: Alvaro Valls e Marcio Gimenes de Paula
Revisão a partir do original: Else Hagelund

292 páginas
ISBN 978-85-9459-187-6
Título em lançamento - Pré Venda - Entregas a partir de 15 de setembro


Essa obra foi produzida entre os anos de 1854 e 1855 e restou inacabada em virtude da morte do pensador dinamarquês em meio à polêmica, o que, de certo modo, parece ter aumentado ainda mais o grau de sua dramaticidade e importância. Aqui, ao contrário de outros textos de Kierkegaard, onde são fartamente utilizados pseudônimos, aparece o próprio autor, sem o uso de tal recurso literário ou comunicativo, o que não quer obviamente dizer que o texto não esteja marcado pelo signo da ironia, pois essa percorrerá o todo de sua obra. Também não se trata aqui de uma obra ao estilo estético como outras, nem é tampouco uma obra de maior erudição filosófica como o Pós-escrito de 1846, ou ainda Conceito de ironia ou Conceito de angústia.  O que temos aqui é um autor que claramente escreve teses em favor daquilo que ele veio a denominar como o crístico ou, se assim quiserem: em defesa do tipicamente cristão, da cristicidade em meio a cristandade. Tal defesa é dirigida ao homem comum, que deve ficar atento para não ser ludibriado e explorado por falsos profetas vestidos nas mais diversas peles como a de pastor, bispo, teólogo, professor, filósofo, etc. 

É curioso perceber que Kierkegaard, justo na segunda metade do século XIX, encontra-se totalmente encaixado numa típica forma de comunicação dos pós-hegelianos de esquerda, a saber, a produção de teses. Aqui podemos lembrar, sem medo de errar, das teses que, nesse mesmo período, são muito comuns entre os socialistas e entre os anarquistas, pois são deste mesmo período várias teses como as Teses a Feuerbach de Marx e a produção do Manifesto Comunista, aqui em coautoria com Engels. 

O Instante, por intermédio de seus dez fascículos, sendo o último inacabado em virtude da morte do autor, terá forte repercussão e impacto primeiramente em contexto religioso e teológico. Segundo certa interpretação, esse foi o Kierkegaard preferido de pastores e religiosos em luta contra a sua Igreja em contexto germânico e nórdico. Junto com esses fascículos também se somam os textos Como Cristo julga o cristianismo oficial e o discurso A Imutabilidade de Deus. Contudo, passado tal momento, percebe-se que os textos kierkegaardianos vão além de uma crítica que poderia estar inserida num domínio paroquial, mas apontam na direção de uma análise mais ampla da sociedade dinamarquesa e na crítica da sua cultura, alcançando, por assim dizer, aspectos éticos, morais e políticos, muitos dos quais, válidos ou vigentes até hoje. 

Marcio Gimenes de Paula
Alvaro L. M. Valls