18/02/2022

Chamada de trabalhos - Revista Antítesis (Madri)

Universidade Autônoma de Madri

Antítesis – Revista iberoamericana de estudos hegelianos

 

Chamada de participação - Número 3 / junho 2022

 

Hegel e o feminino”

Hegel foi, sobretudo, leitor de seu tempo. Sua atualidade é, como expressa a famosa máxima hegeliana, a matéria que se torna filosofia a partir de sua apreensão pelo pensamento. Desta maneira, a filosofia de Hegel é um reflexo filosoficamente mediado dos acontecimientos políticos que marcaram o tão efervescente período em que viveu. Já bem estudada tem sido a relevância que a Revolução francesa teve para Hegel e, neste sentido, menos atenção foi dedicada às reflexões de Hegel derivadas daquele «filho não desejado do iluminismo» (Cf. A. Valcárcel): o feminismo. Se o tempo histórico de Hegel foi o da Revolução francesa, também foi o tempo das primeiras reivindicações que, política e teoricamente articuladas, demandavam por uma igualdade entre homens e mulheres que supunha não apenas a superação das teses que apoiavam a inferioridade natural do sexo femenino (Cf. Poullain de la Barre), como também a reconsideração do papel e do lugar social da mulher (Cf. Wollstonecraft).

 

Atendendo a este contexto, adquire um significado filosófico fundamental a investigação sobre as relações funcionais e estruturais entre o masculino e o feminino que Hegel realizou em sua teorização sobre o Estado. Dado que, precisamente, e não por acaso, é no âmbito da Sittlichkeit —tanto na Phänomenologie des Geistes (na figura de Antígona) como na Rechtsphilosophie— que Hegel situa suas considerações sobre a natureza e a função civil da mulher, a pergunta pelo papel que o lugar sistemático do feminino tem no conjunto de sua filosofia se faz central. Em definitivo, e indo além de um primeiro olhar abstrato e imediato da caracterização da mulher em Hegel —sobre a qual se baseiam, certamente, algumas das leituras feministas contemporâneas (Cf. C. Lonzi)—, cabe rastrear o papel do feminino dentro do entremeado sistemático de sua proposta filosófica, de tal modo que se obtenha uma perspectiva enriquecida —dialéctico-especulativa— do feminino em Hegel que transcenda o âmbito da justificação do status quo —nunca pretendido por ele.

Por outro lado, não deixa de ser necessária também a consideração de que, justamente, esta reflexão filosófica, enquanto finca suas raízes em um tempo histórico concreto, devolve ao leitor contemporâneo uma importantíssima informação sobre o que a proposta hegeliana significou para seu tempo. Por acaso há conexões ou divergências entre o papel do feminino em Hegel e a chamada «misoginia do romantismo»? Como as filosofias heredeiras da dialética hegeliana rearticulam a reflexão sobre o feminino? Por acaso a mantém em posição central de importância como elemento indiscutivelmente necessário ou este tema permanece subsumido sob um conceito de indivíduo universal, um tal conceito que esquece da diferença?

Se, além disso, o significado do feminino em Hegel tem fundamental importância para seu tempo, como não pensá-lo para o nosso? Deste modo, também é essencial aproximar a investigação das propostas contemporâneas, e não apenas refletir sobre qual é o significado da consideração hegeliana do feminino em nossos dias, mas, sobretudo, perguntar «o que significa nosso tempo presente diante de Hegel» (Cf. Th. Adorno).

A partir destas três coordenadas, a saber: papel sistemático, significação histórico-filosófica e reflexão contemporânea do feminino na filosofia tanto de Hegel como na hegeliana, convidamos, a partir da Antítesis, revista iberoamericana de estudos hegelianos, a todas aquelas investigadoras e investigadores da Hegelforschung interessados nesta temática a participar com suas contribuições no monográfico dedicado a Hegel e o femenino. Pode-se enviar propostas em espanhol ou português até 22 de abril de 2022, via https://revistas.uam.es/antitesis.

Link: https://revistas.uam.es/antitesis