09/06/2022

Lançamento do Dossiê: Razão Ciência e Fé de Basilíade - Revista de Filosofia | FASBAM

É com um imenso júbilo que a FASBAM apresenta o vol. 4, nº 8, de Basilíade – Revista de Filosofia, correspondente ao período julho-dezembro de 2022 e cujo dossiê se intitula: Razão, Ciência e Fé. Essa problemática, que teve seus inícios já no segundo século da nossa era, continua a desafiar a cultura ocidental cristã, sobretudo quando se considera o desenvolvimento que tiveram as ciências a partir do século XVII e a tecnologia ao longo dos séculos XX e XXI. No período apologético – caracterizado pelos apologetas gregos do II século e pelos apologetas latinos dos III–IV séculos – a questão girava, principalmente, em torno das relações entre a “sabedoria cristã” e a chamada “sabedoria pagã”. Como então transmitir a doutrina cristã, oriunda do tronco judaico e baseada no monoteísmo, na revelação, na palavra, na voz e na categoria de povo, à civilização greco-latina, cujas características essenciais eram o politeísmo, a organização político-jurídica, a tensa dualidade entre o corpo e a alma, a matéria e o espírito e, no tocante à epistemologia, a razão e a visão como meios privilegiados de apreender a realidade?

No século XI se verifica uma reviravolta a partir de Anselmo de Aosta ou de Cantuária (1033–1109) que, na esteira do neoplatonismo agostiniano, viu na razão um ponto de partida para individuar um método incontestável capaz de elucidar os dados da fé mesmo para os não cristãos. No século XII, com Pedro Abelardo (1079–1142), assiste-se à aplicação da análise lógica ao dado revelado e à elevação da teologia ao status de ciência, vale dizer: uma exposição racional e sistemática do conjunto das doutrinas da fé cristã. Tudo isto irá desenvolver-se, ampliar-se e aprofundar-se no século XIII com a fundação da Universidade de Paris e as controvérsias – entre a ala agostiniana e a ala aristotélico-averroísta – em torno das relações entre razão e revelação, ciência e fé. Todos esses debates e embates culminarão com as condenações do aristotelismo e do averroísmo pelo bispo de Paris, Étienne Tempier, ocorridas em 1270 e 1277. Os tempos modernos e a contemporaneidade serão marcados – notadamente a partir das filosofias de Descartes, Locke, Hume, Kant, Feuerbach e Nietzsche – por uma revaloração da religião em geral e da teologia em particular.

Levando-se, pois, em consideração as vicissitudes pelas quais passou o pensamento cristão no Ocidente, os autores e as autoras que contribuíram para a realização deste dossiê exploraram, a partir de suas próprias perspectivas, as questões que pontilharam as relações entre a razão, a ciência e a fé.

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