16/12/2021

NOVO NÚMERO DA PERI - REVISTA DE FILOSOFIA (v. 13, n. 03, 2021)

PPGFil UFSC

NOVO NÚMERO DA PERI - REVISTA DE FILOSOFIA (v. 13, n. 03, 2021)

 

NOVO NÚMERO: PERI - REVISTA DE FILOSOFIA (v. 13, n. 03, 2021)

DOSSIÊ TEMÁTICO: EPISTEMOLOGIA, HISTÓRIAS E POLÍTICAS DOS CORPOS

Segue link: https://nexos.ufsc.br/index.php/peri/issue/view/323/showToc

 

APRESENTAÇÃO: Dizer que a história é feita de corpos parece uma platitude, assim como dizer que o que contamos como história é o que os sujeitos históricos situados constroem coletivamente a partir dos seus registros historiográficos. Mas a verdade é que o óbvio nem sempre está à vista e temos descoberto que não apenas muitos corpos desapareceram e foram obliterados pela ‘história’, como também foram desprovidos de sua condição de sujeito - histórico e epistêmico. E que estas duas condições informem uma política contestavelmente linear é o que também temos reiteradamente desvendado e denunciado no bojo de uma história feminista da filosofia, de uma epistemologia feminista e decolonial e de uma contestação das posições supostamente neutras e isentas do pensamento filosófico canônico.

 

Nada disso se faz, no entanto, com uma filosofia acadêmica fechada sobre si mesma. A necessidade da interdisciplinaridade se torna manifesta ao conjugarmos os dados e as leituras de historiadoras feministas à temporalidade das teorias filosóficas - ou os vieses antropológicos que ora informam e ora justificam teorias éticas e políticas de cunho colonialista, por exemplo. Ora, as obras filosóficas tornadas exemplares para nossas atividades não são frutos isolados de mentes brilhantes pensando sozinhas. Elas estão inscritas em seu tempo e podem muito bem contestar ou corroborar as políticas epistêmicas levadas, então, a cabo.

 

De fato, são leituras interdisciplinares que nos permitem hoje compreender a própria expressão de uma ‘política epistêmica’ sem que a demanda por uma justificação puramente epistemológica da epistemologia seja levantada imediatamente como objeção. Nós aprendemos isso com as epistemólogas feministas da história, da antropologia e, finalmente, da própria filosofia. E nós seguimos aprendendo isso com as epistemólogas e as filósofas decoloniais. Afinal, as políticas epistêmicas empreendidas com sucesso na modernidade são as mesmas que legitimaram o trânsito colonial e colonialista que continua servindo como pano de fundo ao imperialismo de ocasião do capitalismo neoliberal. São as mesmas que legitimaram a outorga da autoridade epistêmica aos sujeitos masculinos brancos fazendo às vezes de ser humano universal. E são as mesmas que deslegitimaram a cognição dos corpos incapazes de cumprir com os critérios pretensamente imparciais de uma concepção específica e racionalidade.

 

Todos estes elementos estão presentes na obra de Silvia Federici e seguem nos ajudando a compreender não apenas a história e a construção historiográfica como a continuidade da política dos corpos, atualizada contemporaneamente por outras versões do capital e do colonialismo. Silvia Federici é, portanto, o ponto de partida deste dossiê. E é para pensar sobre estes variados aspectos da obra e suas intersecções interdisciplinares que convidamos filósofas brasileiras e chamamos interessadas em contribuir para o dossiê que a leitora tem, agora, em mãos.

 

SUMÁRIO

 

DOSSIÊ TEMÁTICO

 

ACUMULAÇÃO PRIMITIVA” E “PATRIARCADO DO SALÁRIO”, A RELAÇÃO ENTRE FEMINISMO E MARXISMO NA OBRA DE SILVIA

FEDERICI

Susana De Castro

 

AS MULHERES NA LUTA DE CLASSES DESDE A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA

Príscila Teixeira de Carvalho

 

OS CONJUROS DE PIERINA: A RECUSA DA NOMEAÇÃO DO OUTRO-OPRESSOR COMO MANIFESTAÇÃO DE (RE)SISTÊNCIA

Vera Martins

Elibia Catarina Mainardi Bertoldo

Joel Felipe Guindani

 

O METABOLISMO DO CAPITAL E A OPERACIONALIZAÇÃO DOS NOSSOS CORPOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DE MARX FEDERICI E SAFFIOTI

Márcia dos Santos Fontes

 

REPRODUÇÃO SOCIAL: MECANISMO DE INTENSIFICAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DAS MULHERES NO SISTEMA CAPITALISTA NEOLIBERAL

Juliana Pantoja Machado

 

CORPO E POLÍTICA, DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE BUTLER E SEGATO

Stephany Dayana Pereira Mencato

 

CORPOS FEMININOS: POR UMA SUBVERSÃO

Beatriz Nascimento Triles

 

NOTAS SOBRE O LIMIAR – EPISTEMOLOGIA, CORPO E HISTÓRIA SEGUNDO LAURETIS E GAGNEBIN

Rafael Dias

 

AS METAMORFOSES DO SER: APONTAMENTOS INTRODUTÓRIOS SOBRE O PENSAMENTO FILOSÓFICO DE NISE DA SILVEIRA

Camila Kulkamp

 

A IDEIA DE RECONHECIMENTO EM LÉLIA GONZALEZ

Thor João de Sousa Veras

 

FLUXO CONTÍNUO

 

O “DÉFICIT SOCIOLÓGICO” DIANTE DO PARADIGMA DE DEMOCRACIA DE AXEL HONNETH

Matheus Garcia de Moura

Josilene Schimiti

 

A FABRICAÇÃO DO CORPO MÁQUINA NOS SÉCULOS XVII-XIX

Wandeílson Silva de Miranda

Wellington Marques da Silva

 

TRADUÇÕES

 

ESPINOSA E O PODER CONSTITUINTE

Filippo Del Lucchese

Tradução: Gustavo Ruiz Silva e Ian Alankule Purves

 

FOUCAULT E O PARADOXO DAS INSCRIÇÕES CORPORAIS

Judith Butler

Tradução: Nilton Augusto Duarte Chagas

Link: https://nexos.ufsc.br/index.php/peri/issue/view/323/showToc